quarta-feira, 25 de março de 2015

A língua












                                 A língua

   Permitam-me oferecer neste espaço um texto para reflexão...

                         A melhor e a pior coisa do mundo

    Esopo era um escravo de muita inteligência de um conhecido chefe militar da Grécia.
   Certo dia em que seu patrão conversava com um amigo sobre os males e as virtudes do mundo, Esopo foi chamado a dar sua opinião sobre o assunto, ao que respondeu:
- Tenho a mais absoluta certeza de que a maior virtude da Terra está à venda no mercado.
- Como? - perguntou o amo. - Tens certeza do que estás falando?      Como podes afirmar tal coisa?
- Não só afirmo, como, se meu amo permitir, irei até lá e trarei a maior virtude da Terra.
   Com a autorização do amo, saiu e, dali a alguns minutos, voltou carregando um pequeno embrulho.
   Ao abrir o pacote, o chefe encontrou pedaços de língua, e, enfurecido, deu ao escravo uma chance para explicar-se.
- Meu amo, não vos enganei! A língua é realmente a maior das virtudes. Com ela podemos consolar, ensinar, esclarecer, aliviar e conduzir. Pela língua, os ensinamentos dos filósofos são divulgados, os conceitos religiosos são espalhados, as obras dos poetas se tornam conhecidas de todos. Acaso podeis negar essas verdades?
- Muito bem, meu caro, retrucou o amigo do amo. Já que és desembaraçado, que tal trazeres agora  o pior vício do mundo?
- É perfeitamente possível, senhor. Irei ao mercado e de lá trarei o pior vício de toda a terra.
   Esopo saiu e, dali a minutos, voltou com outro pacote semelhante ao primeiro. Ao abri-lo, os amigos encontraram novamente pedaços de língua. Desapontados, interrogaram o escravo e obtiveram surpreendente resposta:
- Por que vos admirais de minha escolha? Do mesmo modo que a língua, bem utilizada, se converte numa sublime virtude, quando relegada a planos inferiores se transforma no pior dos vícios. Através dela tecem-se as intrigas e as violências verbais. As verdades mais santas, por ela mesma ensinadas, podem ser corrompidas e apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido. Através dela estabelecem-se as discussões infrutíferas, os desentendimentos prolongados e as confusões populares que levam ao desequilíbrio social. Acaso podeis refutar o que digo?
   Impressionados com a inteligência do serviçal, ambos calaram-se comovidos, e seu chefe, reconhecendo o disparate que era ter um homem tão sábio como escravo, deu-lhe a liberdade.
   Esopo aceitou-a e tornou-se um contador de fábulas conhecidas até hoje em todo o mundo.
 
   O poder da língua é incrível, não é mesmo? Por isso mesmo devemos usá-la bem em todos os sentidos, gramaticalmente também.
   Espero que tenham gostado!
   Até breve.

sábado, 21 de março de 2015

Redundância




                            Há seis meses atrás. X
                         Há seis meses. C
                         Seis meses atrás. C
                         Faz seis meses. C



                              Redundância


   O que é redundância?

   Redundância ou informação desnecessária é repetir, numa frase, uma ideia já contida num termo anterior.

   Assim:

   Dividiu o pão em metades iguais.
   (metades são iguais)

   O réu encarou de frente as acusações.
   (só é possível encarar de frente)

   Tomou canja de galinha.
   (só existe canja de galinha)

   O fabricante exportou sua produção para fora.
   (exportar só pode ser para fora)

   Amanheceu o dia, e ele não chegou.
   (só amanhece de dia)

   Teve a cabeça decapitada.
   (só se pode decapitar cabeça)

   Os meus filhos são ótimos.
   (aí há duas redundâncias: se digo meus, não preciso dizer os     meus; e, se são meus, é claro que  são  ótimos...)

   Deu para entender? Que bom!

   Até breve.

domingo, 15 de março de 2015

Para mim ou para eu?











                       Para mim ou para eu?


   Ela comprou uma bolsa para eu usar.

   Nessa frase, apesar de o pronome pessoal vir precedido de uma preposição - para -, não é regido por ela. Ele é sujeito do verbo usar, logo deve ser usado o pronome pessoal do caso reto: eu.

   Isso porque "para eu usar" corresponde a "para que eu usasse".

   Há uma regra: usam-se as formas retas dos pronomes mesmo depois de uma preposição, quando o pronome for sujeito do verbo no infinitivo que vem a seguir.

   Assim:

   Não vá sem mim.

   Mas:

   Não vá sem eu consentir (sem que eu consinta). Eu aí é sujeito de consentir.

   Renata e Cecília estão pensando em mim.

   Mas:

   Renata e Cecília estão pensando em eu ir para Houston. Eu aí é sujeito de ir.

   Veja agora:

   Para eu sair de casa, é preciso não estar chovendo.

    Mas:

   Para mim, sair de casa é muito difícil.

   No último período, a vírgula após o pronome indica que ele não é sujeito de viajar.

   Como saber? É só mudar a ordem do período:

   Sair de casa é muito difícil para mim.

   Ficou claro?

   Que bom!

   Até breve!

sábado, 14 de março de 2015

Nada a ver










                                 Nada a ver


   A dívida é sua, não tem nada haver comigo.
   A dívida é sua, não tem nada a ver comigo.

   A confusão que algumas pessoa fazem é compreensível, já que o h não tem som; mas o sentido nos diz que o verbo ver  é precedido da preposição a.

   E, para não errar, é só trocar o a por um que.

   Assim:

   A dívida é sua; não tem nada que ver comigo.

   Por hoje é só.

   Até breve!

terça-feira, 10 de março de 2015

Concordância do coletivo















                    Concordância do coletivo


   Quando o sujeito é coletivo singular, o verbo fica no singular:

   O bloco faz a festa no Carnaval.

   Quando o coletivo vem seguido de uma expressão no plural, o verbo pode concordar com esse plural:

   Um grupo de mascarados brincava no bloco.
   Um grupo de mascarados brincavam no bloco.

   Isso se aplica também aos partitivos:

   A maioria dos mascarados dançava na avenida.
   A maioria dos mascarados dançavam na avenida.

   Quando o coletivo está longe do verbo, este pode ficar no singular ou ir para o plural:

   Um grupo brincava no bloco, mas parava para descansar.
   Um grupo brincava no bloco, mas paravam para descansar.

   Deve ser por isso que muita gente diz:
   O povo acreditaram no que o político prometeu antes das eleições.


 
   Por hoje é só.

   Até breve!